Argentino Jorge Mario Bergoglio ganhou carteira de sócio e se tornou amuleto para a equipe. Durante seu papado, clube conquistou inédita Libertadores, e seleção encerrou jejum de títulos Papa Francisco participa da celebração da Páscoa no Vaticano
O Papa Francisco, primeiro sul-americano a comandar a Igreja Católica na história, teve sua trajetória marcada também pela paixão pelo futebol. Jorge Mario Bergoglio, morto nesta segunda-feira, aos 88 anos, era um torcedor fervoroso do San Lorenzo de Almagro, equipe de Buenos Aires, na Argentina, cidade onde nasceu e foi arcebispo.
Quando Bergoglio foi eleito Papa, em 2013, logo veio à tona sua paixão pelo San Lorenzo. Na ocasião, a imprensa argentina destacou que o ex-arcebispo de Buenos Aires tinha uma carteira de sócio do clube de Almagro, recebida após ele ser o sacerdote responsável por celebrar a missa em ação de graças pelo centenário do clube, em 2008.
Jorge Mario Bergoglio era torcedor do San Lorenzo
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Criado no bairro de Flores, onde o San Lorenzo tem sua sede atual, Jorge tornou-se torcedor do clube pelas raízes locais, desenvolvidas desde a infância. Seu pai, Mario Giuseppe, era italiano, mas mudou-se para a Argentina e jogou basquete no clube, criando afinidade com o San Lorenzo. Isso logo passou para o filho, a quem levava para partidas no estádio.
Bergoglio chegou a dizer que não deixou de ir a nenhuma partida da campanha do título argentino de 1946, quando tinha apenas 10 anos. A declaração veio em carta na qual ele agradeceu o San Lorenzo por uma homenagem feita dias depois de sua nomeação como Papa, quando a equipe foi a campo usando uma camisa com a imagem de Francisco e os dizeres "Papa Francisco, rezamos por Ti. Reza por nós".
Vieram à minha memória belas lembranças, começando pela minha infância. Acompanhei aos 10 anos a gloriosa campanha de 1946. Aquele gol de Pontoni!"
A paixão ficaria ainda mais em evidência naquele ano, quando o clube, fundado por um padre salesiano, entrou na briga pelo título argentino. Mais do que isso: Francisco se tornou amuleto da torcida naquela campanha, que terminou com a conquista do Torneio Apertura, encerrando um jejum de sete anos sem troféus nacionais.
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Papa Francisco se tornou uma espécie de amuleto para a torcida do San Lorenzo
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A coincidência do papado de Francisco com o sucesso do San Lorenzo só ficou ainda mais chamativa no ano seguinte: o Ciclón conquistou pela primeira vez em sua história a Copa Libertadores da América. Não por acaso, a delegação fez questão de viajar até Roma para uma audiência oficial com o pontífice, para a qual levaram o troféu da competição.
Elenco do San Lorenzo levou taça da Libertadores para audiência com o Papa Francisco
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É comum ver, desde então, em jogos do San Lorenzo, homenagens ao Papa Francisco. A cena passou a se repetir também em jogos da seleção argentina, que também conseguiu feitos que pareciam distantes durante o papado de Francisco. Foi no período em que ele comandou a Igreja Católica que a seleção nacional conseguiu encerrar um jejum de títulos que vinha desde 1993.
Papa Francisco se tornou uma espécie de amuleto para a torcida do San Lorenzo
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Em 2021, veio a conquista da Copa América, com direito a vitória sobre o Brasil, em pleno Maracanã, na grande decisão. Na sequência, a Finalíssima, vencida diante do campeão da Euro 2020, a Itália. Por isso, na Copa do Mundo de 2022, muitos argentinos pediram a intercessão do papa hermano pelo fim da espera de 38 anos por um novo título mundial. E deu certo: a Argentina faturou aquela Copa, no Catar, com o brilho de Messi.
Bandeirão com Maradona, Papa Francisco e Messi no estádio
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Torcida argentina colocou o Papa Francisco como amuleto durante campanha na Copa de 2022
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Loja perto do estádio do San Lorenzo faz uma homenagem ao Papa Francisco
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Torcedor argentino vestido de Papa Francisco durante a Copa América de 2019, no Brasil
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Papa Francisco recebe camisa com seu nome das mãos de Diego Maradona
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Papa Francisco com a camisa da Argentina
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