"Ressurreição de Cristo e Mulheres no Sepulcro" - Fra Angelico Pintor pré-renascentista italiano (c.1387-1455)
Neste domingo cristãos em todo o mundo celebram o Domingo da Ressurreição, o dia mais importante do calendário litúrgico, que marca o retorno à vida de Jesus Cristo após sua crucificação. A data, que encerra a Semana Santa, simboliza a vitória da vida sobre a morte e traz consigo profundos ensinamentos sobre fé, perdão e amor ao próximo, além de curiosidades fascinantes registradas nas Escrituras.
As 9 curiosidades bíblicas sobre a Ressurreição:
Os preparativos funerários incompletos - O Evangelho de Mateus revela que José de Arimateia, um discípulo rico, sepultou Jesus às pressas antes do pôr-do-sol da sexta-feira, envolvendo-o num lençol de linho. As mulheres que testemunharam o sepultamento planejavam retornar após o sábado para completar os ritos funerários judaicos, mas encontraram o túmulo vazio (Mt 27:57-61).
A guarda romana solicitada pelos sacerdotes - Em um ato de ironia histórica, foram os próprios líderes religiosos judeus que, lembrando da profecia de Jesus sobre ressuscitar no terceiro dia, pediram a Pilatos que selasse o túmulo e colocasse guardas (Mt 27:62-66). Essa medida, destinada a evitar fraudes, tornou-se depois uma prova incontestável da ressurreição.
O terremoto como fenômeno cósmico - Mateus registra um grande terremoto no momento em que o anjo descia para remover a pedra (Mt 28:2). Estudiosos apontam que este não foi um evento local, mas parte das convulsões cósmicas que marcaram os momentos cruciais da vida de Jesus, como sua morte (quando houve trevas sobre a terra).
A ordem cronológica das aparições - Ao contrário do que muitos imaginam, a primeira aparição de Jesus não foi para os discípulos, mas para Maria Madalena (Jo 20:11-18), seguida pelas outras mulheres que voltavam do túmulo (Mt 28:9-10), depois para Pedro (Lc 24:34), e só então para os demais discípulos.
O detalhe físico das chagas gloriosas - Quando apareceu aos discípulos, Jesus mostrou suas mãos e lado (Jo 20:20), mas curiosamente não menciona as marcas nos pés. As feridas permaneciam visíveis, porém glorificadas - um paradoxo teológico que mostra a continuidade entre o corpo crucificado e o ressurreto.
A refeição compartilhada como prova - Em duas ocasiões diferentes (com os discípulos de Emaús e com os apóstolos no cenáculo), Jesus come peixe assado (Lc 24:41-43). Este detalhe refuta a ideia de que seu corpo era apenas "espiritual" e mostra a natureza física da ressurreição.
O intervalo de 40 dias entre ressurreição e ascensão - Frequentemente esquecido, este período (At 1:3) foi crucial para consolidar os ensinamentos e preparar os discípulos. Jesus apareceu em diversas circunstâncias, inclusive para mais de 500 pessoas de uma vez (1Co 15:6), um fato que Paulo menciona como prova incontestável.
A transformação radical dos discípulos - Os mesmos homens que fugiram durante a crucificação tornaram-se corajosos pregadores após testemunharem o Cristo ressurreto. Pedro, que negou Jesus três vezes, foi o primeiro a pregar publicamente no Pentecostes, convertendo milhares (At 2:14-41).
O sudário como evidência forense - O Evangelho de João (20:6-7) menciona detalhes intrigantes sobre o lençol funerário: estava dobrado separadamente, sugerindo que o corpo não foi roubado (ladrões não teriam cuidado com tais detalhes), mas simplesmente "deixou" as mortalhas.
Significado teológico e atualidade da mensagem
O padre Antônio Ribeiro, teólogo e professor de teologia, explica que essas curiosidades reforçam o caráter histórico da ressurreição: "Os evangelhos registram detalhes que só testemunhas oculares notariam. A ressurreição não foi um mito, mas um evento real que transformou o curso da história".
Para a psicóloga Marta Campos, a mensagem pascal mantém surpreendente atualidade: "Em nossa sociedade marcada por ansiedade e desesperança, a ressurreição fala de vitória sobre a morte em todos os sentidos - física, espiritual e psicológica. É uma mensagem de que nenhuma situação é irreversível".
Muitas comunidades aproveitam a data para ações sociais especiais. Na Bahia, grupos ecumênicos organizam a "Páscoa Solidária", distribuindo alimentos e visitando asilos e orfanatos. "Assim como Jesus partilhou o pão, queremos ser instrumentos de esperança", diz Maria dos Anjos, coordenadora de uma dessas iniciativas.
Fonte: Redação - Portal Bahia Bahia