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Eu te amo e a resposta é não (Episódio 2)

Episódio 2 - O que é e o que não é dar limites.

Por Portal Bahia Bahia em 11/04/2025 às 09:10:22

Aprenda de forma objetiva como dar limites a suas crianças e adolescentes sem culpas e sem inseguranças.

Alguns de nós, somos frutos de uma educação violenta, desrespeitosa e autoritária. Quem aí já apanhou, levou uma chinelada, um beliscão? Quem aqui já ficou de castigo e foi severamente punido em algum momento da sua infância e adolescência? Quem aqui já ouviu frases como:

"Vai fazer por que estou mandando".
"Criança não tem querer".
"Vou ter que te bater para você aprender".
"Está apanhando por que você merece".

 No meu consultório às vezes ouço: "mas Geane, se eu não bater, não punir e nem castigar eu farei o quê?"

 Essa coluna semanal vai trazer caminhos amorosos e respeitosos,onde você aprenderá a construir uma educação gentil e firme com seus filhos/filhas. Além do mais, também conhecerás os limites que fazem parte dessa educação e da parentalidade positiva.

 É importante aprender que o básico muito bem feito na educação, rende frutos! E o básico quando falamos sobre limites, passa por algo como estabelecer regras básicas para um lar harmonioso e em paz! Vamos entender como ser autoridade, sem ser autoritário, e dar limites para que nossos filhos cresçam capazes de compreender e enxergar o outro, criando homens e mulheres para uma vida plena.

 Dar limites é essencial, não tenhamos dúvidas disso. O primeiro grande aprendizado aqui, é que nossos filhos precisam ter a consciência de que não é possível se fazer tudo o que deseja na vida. Podemos fazer muitas coisas, "mas nem tudo e nem sempre", como nos diz a  Tania Zagury no seu livro Limites sem Trauma. Ensinar aos nossos filhos que existe uma grande diferença entre satisfazer o próprio desejo e pensar no direito do outro. Às vezes fazer o que eu quero (criança/adolescente) pode prejudicar alguém.

 A autora nos convida a pensar com os seguintes exemplos para pensarmos juntos com os nossos filhos que nem sempre o que eu desejo fazer é correto.

 -Pode dar vontade de pichar as paredes da escola? Não, não pode.

-Pode dar vontade de bater no amigo por que ele pegou algo meu? Não, não pode.

-Pode dar vontade de pegar aquele chocolate no mercado e sair sem pegar? Não, não pode.

 Mas será que educamos nossos filhos para o aprendizado de que muitas coisas não podem e não devem ser feitas, mesmo que exista o desejo para tal. Existem regras que precisam ser respeitadas e pronto.

As crianças não chegam ao mundo sabendo o que é certo ou errado. Somos nós pais, mães e educadores de referência que vamos ensinar sobre ética, moralidade, cidadania e regras. E cabe lembrar: somos modelo e exemplo do que queremos ensinar aos nossos filhos? Pense nisso.

 O que é então dar limites?

 A Tania Zagury nos diz que dar limites é:

-Ensinar que os direitos são iguais para todos;

-Mostrar que muitas coisas podem ser feitas e outras não podem ser feitas;

-Fazer a criança/adolescente compreender que seus direitos acabam onde começam os direitos dos outros;

-Convidar a criança a ver o mundo a partir de um olhar social e não apenas centrado no meu desejo individual;

- Ensinar a tolerar pequenas frustrações no cotidiano;

-Dar o exemplo (se você quer ter filhos que respeitem as regras de convívio social e as leis, você deverá viver o dia a dia conforme esses princípios).

 A autora então, nos diz que dar limites não é: 

-Bater nos filhos para que eles se comportem;

-Ser autoritário (dar ordens e agir apenas conforme seu próprio interesse);

-Gritar com os filhos para ser atendido;

-Provocar traumas emocionais;

-Deixar de atender as necessidades reais (fome, sede, segurança, afeto) dos filhos, por que hoje você está cansado.

 A falta de limites não é uma opção. A ausência de limites tem consequências devastadoras a longo prazo. Em consultório eu já ouvi de adolescentes: "Dra, eu só queria que meus pais me dessem limite, eu faço tudo o que eu quero e sei que isso não é bom para mim".

 Educar é algo muito complexo e desafiador. Enquanto pais e mães, vivemos todas as etapas do desenvolvimento, desde a gestação até a vida adulta e cada etapa do desenvolvimento requer de nós, habilidades parentais diferentes. Os pais que nosso bebê de 3 anos precisou, não será o mesmo da nossa criança de 7 anos. É preciso estudar para ser pai e mãe melhores. Pare um pouco agora e reflita: quantos livros você já leu para aprender a ser melhor no exercício da sua parentalidade? Mas tenho certeza que muitas horas de estudos e recursos foram investidos na sua carreira profissional.

Educar dá trabalho, todos os dias, todas as horas, principalmente, quando não sabemos o que fazer.

Então, a dica de ouro dessa coluna de hoje é: estudar para aprender a exercer uma parentalidade positiva.

Fiquem ligados por aqui, que nosso bate papo sobre limites está só começando e será nosso tema no mês de abril na minha coluna "Colo Para Famílias - Educação Parental"

Série "Eu te amo e a resposta é não".

Próximo episódio: O que será que acontece quando não há limites?
Aprenda a viver o extraordinário em família.

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Geane Barbosa
Psicóloga clínica, educadora parental especialista em educação parental e inteligência emocional, mãe de dois.



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