Há dores que não se anunciam. Preferem o caminho do silêncio aquele que se deita no peito e pesa, dia após dia, como se fizesse parte do corpo. Não têm nome exato, mas se fazem presentes na tensão emocional constante, na dificuldade de concentração.
É o silêncio de quem funciona. De quem acorda esgotado, mas continua.
Wilhelm Reich escreveu que "o corpo fala com uma linguagem própria, e essa linguagem é, muitas vezes, reprimida pela moral social e pela cultura." (Reich, 1972). O corpo, então, guarda em seus músculos, vísceras e respiração o que não foi possível expressar em palavras.
David Boadella, discípulo de Reich e criador da Biossíntese, retoma essa escuta do corpo afirmando que "o corpo não esquece aquilo que a alma silenciou" (Boadella, 1994). Em Correntes da Vida, ele nos lembra que os traços de nossa história se inscrevem somaticamente, e que a reconexão com o corpo é um caminho possível de cura.
O corpo registra. E, quando o silêncio é constante, o corpo fala com insônia, dores crônicas, desconexão emocional.
Carl Jung também nos alerta sobre o perigo de ignorar os sinais internos:
"Aquilo a que você resiste, persiste. E aquilo que você aceita, se transforma." (Jung, 1961).
O silêncio, quando se torna um modo de existir, pode deixar de ser proteção e se tornar prisão.
Em setembro de 2022, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) revelaram que transtornos como depressão e ansiedade causam a perda de mais de 12 bilhões de dias de trabalho por ano um impacto estimado em quase 1 trilhão de dólares. Mas por trás dessa cifra, há um dado ainda mais grave: pessoas adoecendo em silêncio para continuar produzindo.
Te desejo uma ótima reflexão!
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