Tem uma lei fundamental sobre comunicação que poucos assumem como verdade: "Comunicação não é o que você fala, é o que o outro entende."
Parece simples, mas é profunda. E mais dura ainda é a segunda parte: o agente ativo na comunicação é o único responsável pelo entendimento do interlocutor.
Isso significa que se você falou e a outra pessoa não entendeu a responsabilidade é sua. Eu sei, pode parecer injusto. Você pode até pensar: "Tem gente que não entende nem se eu desenhar!" Mas essa mentalidade só alimenta o distanciamento e a mediocridade relacional.
A maturidade da liderança começa quando você assume a responsabilidade pelo que o outro compreende. Quando entende que comunicar não é sobre despejar palavras, mas sim sobre fazer chegar com clareza, com precisão e com o impacto necessário.
E em tempos de mensagens rápidas, respostas curtas, emojis substituindo frases inteiras e o WhatsApp como principal canal de comunicação, uma outra lei merece atenção:
Mensagem escrita será sempre interpretada por quem lê, nunca por quem escreveu.
Escreveu com raiva, e a pessoa achou que foi leve. Escreveu tranquilo, e a pessoa achou que você estava agressivo. Isso acontece todos os dias em empresas, em lares, em grupos de trabalho. E você sabe qual é o custo? Relacionamentos rompidos, ruídos operacionais, desalinhamentos estratégicos, decisões erradas.
Portanto, se for importante: não escreva. Ligue.
Você pensou: "Então mando um áudio?". Já seria melhor. Mas ainda assim, limitado.
Áudio comunica. Ligação conecta.
E ligação te permite ajustar. Porque você ouve o outro lado. Sente o tom. Percebe o silêncio. Capta as pausas. Identifica se a pessoa está feliz, ansiosa, preocupada, irritada ou desconectada. E a partir disso, você calibra a sua mensagem, escolhe melhor as palavras, muda o ritmo e garante que a ponte seja construída e não derrubada.
Se você lidera e eu estou falando de liderança de verdade, não de quem tem cargo e manda a comunicação precisa ser sua principal ferramenta de trabalho.
Porque um líder não pode se dar ao luxo de ser mal interpretado. Um líder é o elo entre visões, pessoas e direções.
E aqui vem mais uma lição: falar a mesma coisa para pessoas diferentes, do mesmo jeito, é o caminho mais curto para o ruído.
Pessoas entendem pela lente da sua vivência. E a sua missão, como líder, é ajustar a comunicação ao ponto de garantir que cada um entenda a mesma visão com a clareza que precisa.
Liderar é ser como uma antena parabólica: captar as frequências, decodificar os sinais e transmitir com nitidez. É sair da própria bolha e entrar na realidade do outro, sem abrir mão da verdade mas ajustando o caminho por onde ela chega.
Comunicação é arte.
Não é dom. Não é talento solto. É técnica, é treino, é escuta ativa, é empatia aplicada, é sensibilidade operacionalizada.
Você pode até nascer com um dom, como tantos grandes oradores. Mas se não se submeter às regras da boa comunicação, vai se limitar. Um bom exemplo é o do presidente Lula e aqui, sem entrar em mérito político. Ele sempre foi um comunicador nato. Cresceu na base do carisma. Mas só chegou onde chegou quando aprendeu a falar com o Brasil inteiro. Ele entendeu que não bastava falar com paixão apenas para sindicalistas: era preciso falar com intenção, com consciência e com estratégia para um público mais diverso. Isso diferencia os que têm voz dos que constroem ponte.
E aí eu te pergunto, com honestidade:
Você tem informado ou comunicado?
Informar é soltar a mensagem e ir embora. É desprezar o impacto. É largar a bomba sem saber onde vai cair.
Comunicar é o oposto. É se responsabilizar pelo entendimento, é buscar gerar o efeito desejado, é se tornar ponte entre o que precisa ser dito e o que precisa ser absorvido.
E mais: é ser o ponto de convergência entre grupos que não se entendem.
Porque é nesse ambiente confuso, onde cada um fala sua língua e ninguém se entende, que a liderança verdadeira emerge. O líder de verdade é aquele que entende todos, é entendido por todos e consegue alinhar todos a uma visão comum. Isso é raro. Isso é valioso. Isso é comunicação estratégica no seu nível mais alto.
Como já dizia o velho Chacrinha e ele já era velho quando eu era criança: "Quem não se comunica, se trumbica."
Ele não era professor, nem teórico. Mas entendia de palco, de público e de impacto. E se você quer crescer, liderar, transformar e marcar a vida das pessoas, não subestime o poder de uma boa comunicação. No fim, não se trata de falar bonito. Se trata de ser compreendido com verdade, com intenção e com impacto.
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